O Poeta e o Gigante
Valmari Santos Nogueira
Salvador / BA
- Gigante indomável, como estás?
- Ah! Não muito bem, grande Vate,
Vivo agitado...
Espumando como um cão raivoso!
- Por que, Gigante?
Acaso perdeste a proteção de Poseidon, ou de Netuno?
- Qual nada, Vate
O Homem foi que perdeu a consciência...!
Ele não observa que inúmeras são as minhas incumbências:
Sou o espelho do universo
A refletir a vaidade das estrelas, astros e nebulosas...
O coração
O pulmão
Que acolhe sem discriminação
O líquido cristalino ou
Impuro que corre nas veias de Gaia.
Regulo o clima
Sou meio de transporte
Santuário para milhares de vidas
Tempero salso da humanidade.
Até para a engenharia eu sirvo de nível!
Agora, graças a ele, sou receptor de dejetos!
Amigo poeta, não tome esta confissão como um lamento...
É um mero desabafo, mas, também, deixo o meu urgente alerta!
Se o Homem não parar de tanto me poluir...
Ah! Acabo perdendo a compostura e lhe mandando um violento recado!
Publicada na Antologia: Poetas Brasileiros Contemporâneos, vol. 66 - julho 2010.