Imperfeição
A Imperfeição é minha,
Desejo-lhe mais do que posso,
Amo-te além do conciso,
Talvez eu viva de seus rastros,
Alimento-me de suas sombras,
E bebo seus olhares...
A contradição é minha,
Vago no seu vagar,
Amanheço em suas paisagens,
Minhas safras com tuas sementes,
Vivem a dançar,
Entre o jardim das Rosas...
Essa faca frígida,
Dissipando raízes aos poucos,
Em pedaços e entranha,
No sangue escasso,
Dessas veias mortas,
Que retém teu perfume,
Ainda reinando em meu corpo nu...
Incoerência na Imperfeição,
Não posso lhe amar assim,
Onde morrem e matam,
Fenecem e trucidam,
Lábios e uvas,
Violetas leves a voar,
Nos jardins do esmo...
Pois que toda minha razão é perdida,
Nos dias que decorrem sem rumor...
O que fariam nossos corpos unificados?
Somente o paliativo dos tempos,
O evitar das horas juntas,
E o porvir das dores dos instantes separados?
Não posso lhe Amar assim,
Nunca poderei,
Mas poderei tentar,
Como tentam todas as estações...
Renascendo empós o fim...
Dando vida ao vivido... Dando o não Fim...