Quase
Quase
Uma página em branco
Aumenta ainda mais meu desespero.
Preciso falar sobre o que carrego na alma
É tanta coisa que suporto em segredo.
Porque até mesmo os bons sofrem?
Por que não é pecado ver quem amamos sofrer
E não podermos ajudar em nada?
Deveria ser crime não poder vencer.
E essas palavras que entalam na minha garganta
Quase me matando sufocada.
Mais um grito abafado...
Mais uma lágrima desavisada...
É tanta amargura nesse peito
Que nem mesmo consigo sorrir
Sempre taciturna, ensimesmada
Quase deixei de existir.
E esse quase desgraçado que me persegue
Aparece em tudo feito assombração
Passa por cima dos meus planos como um trator
Confundindo-me com o chão.
É tão estranha essa página em branco
Que de repente é manchada de preto
Letras, minhas queixas, minha dor
Quase tão real quanto a que trago no peito.
E mais uma vez esse quase indisciplinado
Que aparece para me fazer parar
Pois esbarro sempre nesse quase
Que por maldade me faz chorar.