Quase

Quase

Uma página em branco

Aumenta ainda mais meu desespero.

Preciso falar sobre o que carrego na alma

É tanta coisa que suporto em segredo.

Porque até mesmo os bons sofrem?

Por que não é pecado ver quem amamos sofrer

E não podermos ajudar em nada?

Deveria ser crime não poder vencer.

E essas palavras que entalam na minha garganta

Quase me matando sufocada.

Mais um grito abafado...

Mais uma lágrima desavisada...

É tanta amargura nesse peito

Que nem mesmo consigo sorrir

Sempre taciturna, ensimesmada

Quase deixei de existir.

E esse quase desgraçado que me persegue

Aparece em tudo feito assombração

Passa por cima dos meus planos como um trator

Confundindo-me com o chão.

É tão estranha essa página em branco

Que de repente é manchada de preto

Letras, minhas queixas, minha dor

Quase tão real quanto a que trago no peito.

E mais uma vez esse quase indisciplinado

Que aparece para me fazer parar

Pois esbarro sempre nesse quase

Que por maldade me faz chorar.

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 01/12/2010
Código do texto: T2648389
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