Ainda assim me habito...

Meus olhos já foram dois rios
que, em caudais de emoções,
tentaram impedir
apressadas travessias de fugitivos corações...
Em loucos vôos, minh’alma já foi condor,
tentando fazer ninho num pedaço qualquer
da misteriosa amplidão da nuvem-mulher...
Para perigosas penetrações e pousos desesperados,
meu corpo já foi febril aeronave, tentando aterrissagens
em aeroportos-corpos, nublados de frieza e interditados!...
Pelas frias madrugadas já cantei meus madrigais
e varei noites falando com estrelas...
(Porque quem ama é capaz de ouvi-las e entendê-las!)
Já escrevi bilhetes tolos, ridículos,
e fiquei longas madrugadas insones, de tormentos,
esperando as respostas a esses pobres documentos!...
Já dei telefonemas, altas madrugadas, pedindo respostas
para estremunhadas e irritadas damas:
“Tu ainda me amas? Tu ainda me amas?...
Poderia agora sorrir, piedoso de mim, ao revelar
esses desvarios por amor do passado... Mas, fazer
o quê, se ainda hoje corro na chuva para chegar
mais rápido ao encontro de um sonho de bem-querer
que, sendo sonho, não vem e nunca diz por quê?...


RÉPLICAS POÉTICAS:

01/12/2010 20:17 - ROSA SERENA
"Penso que talvez buscaste em endereço errado
O tão sonhado sonho de amor!
Fizeste cartas ao acaso
O correio devolveu-as sem pudor!
Penso que talvez tenha esquecido
A fórmula secreta do amar
Pois que posto já fora antes dito
Que o amor nas estrelas está!"


Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 01/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2647807
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