Avenida Manhã de Primavera

O motorista do Resgate bota a cabeça

pra fora da janela e quase mata

de vez a Dona Maria lá atrás,

com tubos enfiados no braço

agarrando-se ao último suspiro

com unhas e dentes e

por causa da Kelly que

vinha pela calçada no sentido oposto

com sandálias de dedo e

cabelo solto á volição do volitar

do vento e

com os ombros de fora usando um

tomara-que-caia

branco

sem sutiã e com um

belíssimo par de

coxas e

panturrilhas e

sorrindo pro buraco

da camada de ozônio;

tão poderosa quanto qualquer

Deusa já descrita por poetas

apaixonados e

sim; por causa da Kelly

as pastilhas de freio trabalharam

duro e a Dona Maria,

pela imprudência de um

causada pela inconsciente maldade

de outra

olhou por uma pequena fresta

o outro lado do mundo e

por alguns segundos quis

agradecer a Kelly por tal vislumbre

assim como o motorista que

ao botar a cabeça pra fora

berrou:

"Aí sim, hein? Isso que eu chamo

de vida".

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 01/12/2010
Código do texto: T2647277
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