Ainda...

Não chove mais... A cidade parece criar vida à noite.
Sabores que embriagam as estrelas... A s luzes rarefeitas.
Moldei-me de um caminho único... O serpentear-me o corpo.
Li, nas lacunas dos sonhos, que todos somos do mesmo tamanho.

Ainda que levantasse as pétalas do chão... Pisei tão firme que não há retorno.

Olho as gotas na vidraça... O cinza da cidade parece vir dos prédios e não do ar, como alguns pensam... Mediação.
Figuras e sombras de cristal... A exposição lembrou-me Platão... O mito de uma caverna em avesso brilho.
Caminhei pelos aglomerados de formas... Saí na origem de mim. Sensação perfeita. Plena.

Ainda não colhi a morea dos cabelos... Quiça da pele arrepiada pelo novo.

Visito o meio-termo... O entrelaçar dos dedos.
Pernas são o suporte de uma longa estrada... Meu corpo... Meu jeito.
Ainda lanço as cartas de um baralho... Cigano encaixe.
As palavras serão o conforto para os dias... As lacunas de uma noite como essa... O caleidoscópio das faces escolhidas.
Colho a lua... Sempre minha... Sempre tua.

Ainda aqui a saborear a garoa... Esperando o trem das onzes horas de ontem. Não posso ficar... Só amanhã.

E, na janela em frente, alguém norteia a vida melhor do que eu... Dorme!
E eu? Livros.


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