...Amante sem Face...

Somente os corpos diurnos são afáveis,

Os seios noturnos são frutos de infinitos paladares,

Águas fundas e frescas,

Abluindo o fogo de um corpo,

Da chama os rios nascem,

Lentos oceanos a margem,

Do olhar devastado e impuro da Amante.

Transparente luz seca sobre a carne delgada,

Os lábios longínquos do outro,

A língua a dançar no corpo,

Em lentos deleites,

Em ébrios espaços ocultos ao acaso.

E como é forte o anseio,

Pulsando sobre o todo,

Dos perfumes e dedos,

Dos profundos melífluos laços,

Curvando-nos ao impudico,

Enguendo-nos ao re-enlaço...

Luxúria seria não lhe almejar...

Devassidão seria não lhe ter...

Pecado seria não lhe saciar...

...Perfeita sem face – isenta de nome...

...Rumor de tudo – vigor em mim...

...Fim e Nada...

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 30/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2644860
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