Um Colírio (Por favor)

Matemática numa hora dessas?

Não desejo somas nem multiplicações.

Não quero pensar em nada,

Quero dar asas ao meu pensamento

e chegar num lugar macio e bonito.

Não quero saber da baixa cotação do dólar;

a brava crise não abala meus nervos,

europas não enxergam meus euros.

Quero o amor a cavalgar nuvens e astros

bem aqui na palma da minha mão.

Quero poderes e palavras

a valsar no compasso

da minha sinfonia.

Garçon, traga o colírio.

A cachaça evapora dos lábios,

a fumaça dos cigarros,

esconde meus olhos.

Há fuga na exatidão das horas,

medidas imprecisas não sabem

dos versos que choras.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 30/11/2010
Código do texto: T2644686
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