BEIJA-FLOR
A imagem sombria e vacilante
dum homem desconhecido numa esquina
cambaleante no regresso instável quase imutável
das zonas baças onde o tempo pára
só com uma ténue sombra do passado
Móvel, move-se no imóvel
na quieta inquietude do já era
Ao seu redor um fio de canto molha o musgo
por aqui, por ali, minh'ama empalidece
As trepadeiras dizem: dê-me as suas ordens!
uma outra vida espreita o irrecuperável
recuperado ei-lo aqui sorrindo
com a boca torcida, mas feliz
com os braços esmagados
nos lábios que injúrias diz
Neste possível o mais impossível
Mantém consigo o que nunca existe.
Tangencia na carne, a presença
voando entre nuvens
seus medos e costumes
dançando no ar (de) estabanado
entre segredos e incertezas
pousando devagar na realidade.
E enquanto isto vou borboleteando
nas águas-com-açúcar das janelas.
Procurando o amor fugido comigo,
nas coisas novas e nas lembranças.
Mas o encontrei no convívio (contigo).
E as outras flores (de verdade)
que são belas e tão delas.
Jamais me pertenceram!