À sombra dos Guapuruvus
dedico aos meus amigos, Thubin e Karina
Nossas tardes eram assim:
à sombra dos Guapuruvus entardecíamos
e assim
entardecendo
no ocaso do crepúsculo
do fim da tarde: íamos ouvindo!
ouvindo a tarde
em toda sua intensidade
a tarde
em transmutação
a tarde
se desfazendo
espiritualmente
em cores místicas
a tarde se desfazendo
dolorosamente
em música...
À nós
bastava olhar nos olhos
um do outro
para compreender
que não era somente o dia que entardecia
compreendíamos ali
que o tempo cuidaria
de nos entardecer também
compreendíamos
assim como as cigarras
e as mangas que amadureciam nos galhos
que o tempo
no ocaso
do crepúsculo
do fim da tarde
cuidaria
de nos entardecer também
tão logo o Sol se fosse
e assim lentamente entardecendo
nos perguntávamos
sem a necessidade
imediata da resposta: "onde vai dá tudo isso?"
e na vasta copa dos Guapuruvus
cigarras como que prevendo a morte da tarde
embalava-nos com seu blues...
eu lembro,
era mais
ou menos assim:
Ao som de um blues
Ao som de um blues
Ao som de um blues dançando nos Guapuruvus...
... vus. vus.vus.vus.
vus. vus. vus. vus.
vus. vus. vus...