TENTEI CANTAR SOZINHO

Olhando por cima de meu ombro

Vejo a terra na discórdia

Banhada na ignorância.

Que na verdade são meus olhos,

Embaçados por minhas lágrimas

Que nascem na fome.

São poesias que não penetram

Nos rudes ouvidos da vingança

São a flor da morte.

São as dores do mundo inteiro.

É o poeta morto pela peste, pela guerra, pelo ódio.

Olhando no espelho de sangue,

Único destroço de tua imagem, mundo,

vi-me sozinho rindo de mim mesmo.

vi-me tolo chorando por quem não conheço:

louco, brindando no cálice,

talvez o mesmo da venerável,

talvez a fonte da vida.

Só me resta deixar

A dúvida.

Latente e lenitiva. Única e viva.

A dúvida perene que vive

Vida própria. Semente da vida.

Gláucio Ramm e Silva
Enviado por Gláucio Ramm e Silva em 28/11/2010
Código do texto: T2641980
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