Sem palavras

O primeiro dia foi silencioso...

A palavra não tinha sido inventada...

O padeiro não anunciou a massa fermentada...

A mãe não chamou o filho amoroso...

O tempo estava tenebroso...

Os trabalhadores negavam a empreitada...

A notícia diária não era repassada...

O silêncio era indecoroso...

Os namorados olhavam consternados,

Sem palavras, estavam atrapalhados...

O jesuíta não pronunciou sua oração,

O marasmo foi total, o dia sem ação...

Algo havia de ser inventado e,

Sem a invenção, nada podia ser comunicado...

Para Raul Santos Seixas (28/06/1945-21/08/1989).

Esquema de rimas:

1º quarteto: abba.

2º quarteto: abba.

1º terceto: ccd.

2º terceto: dee.

Rio, 14 de outubro de 2006.