Dual
Minha alma sozinha e desnuda,
Viu o ser parido em sofrimento,
Viu o corpo, flor que se transmuda,
Viu a vida em contínuo movimento...
Pedi aos céus, a deífica ajuda,
Com fé, árduo comprometimento,
Vi a imagem cega, surda, muda,
Em desvarios, em total abstraimento...
Eis que se avulta, com a luz, vem à tona,
Sem estar iluminada, teima, desaparece,
Inconfundível clarão, sua visão retorna,
Vi que o ser tem a figura que merece!
Em mim, aprisionado, sem liberdade,
Um disforme vulto, um molde escuro,
Seguindo-me, a esmo, por toda cidade,
Imitando-me com sarcástico acuro.
Espaço sem luz que o meu corpo tece,
Ficou comigo na preguiça, na mangona,
Sou pra ti a Pieta rezando última prece,
Santa mãe que o filho jamais abandona!
Vi a alegoria que comigo se parece,
Veio, mas não me abraça,
Vive comigo e por mim não se apaixona,
Apenas comigo vaga e gesticula...
Se o sol não nos aquece,
Sinto que a lua nos arrefece...
Mas tua confiança em mim não desmorona,
Siga, por ora, na minha humana carona!
Minha alma sozinha e desnuda,
Viu o ser parido em sofrimento,
Viu o corpo, flor que se transmuda,
Viu a vida em contínuo movimento...
Pedi aos céus, a deífica ajuda,
Com fé, árduo comprometimento,
Vi a imagem cega, surda, muda,
Em desvarios, em total abstraimento...
Eis que se avulta, com a luz, vem à tona,
Sem estar iluminada, teima, desaparece,
Inconfundível clarão, sua visão retorna,
Vi que o ser tem a figura que merece!
Em mim, aprisionado, sem liberdade,
Um disforme vulto, um molde escuro,
Seguindo-me, a esmo, por toda cidade,
Imitando-me com sarcástico acuro.
Espaço sem luz que o meu corpo tece,
Ficou comigo na preguiça, na mangona,
Sou pra ti a Pieta rezando última prece,
Santa mãe que o filho jamais abandona!
Vi a alegoria que comigo se parece,
Veio, mas não me abraça,
Vive comigo e por mim não se apaixona,
Apenas comigo vaga e gesticula...
Se o sol não nos aquece,
Sinto que a lua nos arrefece...
Mas tua confiança em mim não desmorona,
Siga, por ora, na minha humana carona!