RETICÊNCIAS POÉTICAS


Nas ruas de pedras soltas
nos papéis em branco amassados
que arquitetam estrelas roucas
sem passado de velhas horas
as lágrimas morrem no chão seco
entre as folhas de qualquer outono
nos arames farpados do destino
num amor que se perde em juras
na antiga fé cansada dos dias
em que solidão são espinhos no peito
nesses nossos laços de acasos de mãos vazias
entre fúrias de engrenagens emotivas
nos espelhos de momentos ausentes, tão carentes!
deixando certezas magoadas
sobre a mesa aquela mesma rosa despedaçada
entre pétalas de palavras perfumadas
cobertas pelo véu malicioso da saudade
Nestas reticências das poesias
que permeiam as agonias em falsas flores
a mesma com que pincela eternos amores
Pontos que iluminam as obscuridades da alma
fundamentos do silêncio que não se encalma
São meus versos móveis
ainda cobertos de verniz escaldante
dos sóis que se esconderam nos escudos do medo
nas malas prontas jamais usadas,
nos ecos reprimidos das risadas
nestas neves sonhadoras de qualquer futuro distante
nesta minha rebeldia de conto de fadas
ainda acredito, apesar do nada
nestes inteiros, que somos apenas metades
inexatas, condicionadas, emocionadas...

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 26/11/2010
Código do texto: T2638705
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