Nas sombras de uma cidade
Não dormi a noite toda.
Até as sombras me perturbavam, o que seria?
Não é preciso ver mais nada pela televisão,
Tudo acontece na frente da minha janela...
Essas duas janelas castanhas e assustadas.
Vejo carruagens de fogo, pernas correndo sem rumo.
Vejo esqueletos montados vestindo de preto com armas nas mãos.
E vejam, eles matam outros esqueletos como se isso fosse a glória.
Escondido num canto, vejo o amor.
Quase imperceptível, encolhido, tremendo. Pavor.
O amor sente medo?
Os esqueletos passam por ele e não o percebem.
E os que conseguem ver, o maltratam, ignoram.
Quem vocês pensam que são?
Receberam uma vida de presente e acham que pode acabar com as outras.
Paz. Ainda existe essa palavra no dicionário, posso procurar pra você.
Agora só enxergo esqueletos cabisbaixos.
Só olham para os próprios pés, não querem ver mais nada.
A esperança agora está junto com o amor, preso em uma sombra qualquer.
Mas eu levanto minha cabeça.
Tenho fé no mundo, em nosso lugar.
O próximo está bem ali, esperando pra ser amado.
Qualquer um pode ver que abraços ainda podem mudar vidas.
Sorrisos, onde vocês estão? Não fujam nessa hora tão importante.
Eu ainda acredito nesses esqueletos.