Translúcido
Vejo-te melhor ainda
Quando te debruças
No noturno dos teus olhos
E calas todas as palavras
À porta dos teus lábios
No tempo que não descobres
Neste longe, onde te imaginas
Ausente das tuas próprias mãos
Lassos todos os sentidos
É inútil pensar-te a sós
Em mim, os teus gestos contidos
Derramam-se ocultos de ti
Em cumplicidade que ignoras
Como se sempre amanhecessem
No fundo dos meus olhos
Feito dia claro de sol à pino
© Fernanda Guimarães