ROTINA

Quando tu me envolveste nas amarras

dos projetos floridos, unos nossos,

o real nos cravou as fortes garras,

arranhou nossas peles, quebrou ossos.

E nós dois violentados na devassa,

tão feridos, gritando por socorro!

Mas também no que é bom o enfado grassa,

tanto amor todo em sangue, indo em jorro...

A rotina nos pôs, enfim, gamarras,

hoje somos, de amantes, só esboços

e levados, tal gado nas gambarras.

Vem cruel, vem pesada a ameaça

aos que pensam que salvam do modorro

seu amor, que com dor vem sempre. E passa...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 25/11/2010
Código do texto: T2635504
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