Um alguém e um Poeta
Ora, Poeta, por que hás de escrever
os sentimentos d’um coração?
Todos nós somos iguais, os dias são iguais.
Há dentro de ti uma vida, um coração igual.
A paixão? Ah, não importa a cor!
Todos os sentimentos são de amor!
Não te invoques o além...
Eu não quero imaginar mais nada.
Eu não quero mais sorrir do nada.
Eu só quero entender a vida,
porque haverá de ser cumprida
dentre os meus dias também...
Não me conte os teus segredos
porque eu não quero mais saber.
Conta-me apenas de seus medos
porque eu já temo você...
Não mais queiras de mim o esplendor
sendo que eu já sou todo o seu fulgor
em seus dias de solidão!
Oh, trovador, o que hás de ser do meu alguém?
Dos meus sonhos? Da minha esperança?
Queiras em razão me compreender
Sob a sua infinita aliança...
Por que haverá de nos céus o seu viver
ser os cumprimentos dos murmúrios teus?
“Porque na vida todos têm
dentre os cantos que convém
o Amor, sobre os infinitos olhos de Deus!”
(Poeta Dolandmay)