A amora e o futuro
A amora e o futuro
(a vida e a poesia não param)
para João Pedro ou Lara
...é uma microscópica enguia
...é uma cabecinha de alfinete
Não. É uma pequenina membrana esférica
Não. É uma bola de carne
Não. É uma amora feita de carne e sangue
Não. É uma bola de carne e sangue com olhos
Não. Ela também tem membros
Ela se move
Ela ouve, ela sente, ela cresce
Ela mergulha em seu banho de sais
Ela é tocada pela mesma curiosidade
que tiveram Adão, Eva
ou os primeiros hominídeos
Ela quer ver o outro lado
E, sozinha, rompe suas amarras
E caminha para a luz
E a luz a recebe
E ela invade aquele novo mundo de luzes
E ela deixa as sombras pra traz
E ela caminha para poesia
E ela caminha para a bela mentira do mundo
Do seu novo mundo
Do mundo que já é seu
Ela brinca de gangorra e escorrega
Ela dança
Ela conhece o ambíguo amor
Ela se emparelha
Ela fabrica uma esfera de viva carne
Ela olha para o seu ventre e para o horizonte
E para os felizes olhos cansados de papai e de mamãe:
Vovô e vovó.
Luciano Fortunato
Outubro de 2006