A Vilã
Perguntou seu nome,
Ela nem lhe falou;
Nem sabia ela,
O bem que lhe causou.
Na noite seguinte,
Seu sonho foi com ela:
Morena índia, que morena bela!
Perguntou seu nome,
No sonho ela respondeu:
-Sou Joana Darc
E não tenho fé em Deus...
Pedro ficou meio assustado
E não falou nem uma frase;
No sonho ele sentiu a trairagem.
No dia seguinte, Pedro acordou,
Tomou banho, café, fumou
Pensando em Joana Darc...
Sentou-se em frente à janela,
Deu um tempo e tomou um conhaque.
Pouco depois saiu na rua,
Andando meio sem jeito:
Lá está vindo ela,
Num Mercedes preto.
Por coincidência, já sabia o seu nome
E falou:-Entra no carro Pedro!
Gostei do seu jeito de ser,
Você tem jeito de homem...
Foram para um motel,
Foi esse o primeiro encontro...
Disso ninguém sabia;
Saiam fim de semana,
Só voltavam no outro dia.
Pedro tinha a Joana,
Sempre nas suas poesias;
E ela o tempo todo só mentia,
melhor que ninguém, fingia.
Ele pensou ter encontrado
A sua outra metade,
Mas seis meses se passaram
E o pesadelo transformou-se
Em realidade:
Joana pagando de vítima
Mas era pura crueldade.
Muito misteriosa, Pedro desconfiou,
Correu atrás e o mistério desvendou;
Tentou se segurar,
não conseguiu, desabafou:
-Joana tás me traindo
Com um policial civil...
Você matou seu marido
Com certeza alguém viu...
Estás sendo procurada...
Eu tô ligado que você gosta de “farda”.
Sai fora coisa mandada!
O que dizem em São Bernardo
É que a Joana assassinou um delegado.
Esse era o seu marido;
Ela o catou lhe traindo
Com um homossexual,
Matou e cortou o tal.
Que coisa louca!
Ou pra você é engraçada?
Passaram-se dois dias
E a Joana foi grampeada
Bem próximo a Mairiporã.
Essa Joana era a vilã.
E lá dentro da prisão,
Um novo caso, uma nova traição.
Dessa vez não teve sorte:
Pela sua namorada,
Ela foi condenada à morte
E também morreu queimada.
Crês em assombração?
Dizem às que cumprem reclusão,
Que ouvem rugidos
E gargalhadas debochadas...
Eu não tenho opinião,
Sai fora coisa mandada!
Dias depois a cadeia foi desativada.
Adriano Soares (Dom Soares)