DESVARIO
Como dormindo não como
Mas dizem que o sono alimenta
Eu arvoredo enraizado na tormenta
Abraçado ao furacão
Cuspindo folhagens nas nuvens
Inundando o ar com aromas vários
De meus frutos apodrecidos
Recheados de larvas
Mastigo relâmpagos
Tusso trovões
Espirro granizos
Arranho o céu com minhas unhas mal ruídas
Em longa estrada etária
Rogo a Deus vida curta
Trabalho pra isso
Vomitei a alegria
Quando o mau tempo tatuou-se em meu corpo
Desvairei-me
Roubei, pra mim, Katrina
Mulher de Tsunami
Geramos El Niño
E participei da festa licenciosa que desvirginou a natureza
Rio, 19 de novembro de 2010