Foram-se todos
e tudo se foi.
A vida
por um fio
queimou-se
em barbante aceso,
na parafina desfeita
que desfez o amor,
que murchou flores,
que virou madrugadas,
que se deu,
que chorou,
que sorriu
o sorriso insosso
que nem a boca viu
e o grito de socorro
que ninguém ouviu.
Foram-se todos.
E a Solidão ficou só.
Por fim
desacompanhou-se.
Ah... agora posso ser feliz nessa escuridão.
O amor é um peso
e como é leve não amar ninguém.
São lúcidas
translúcidas e brilhantes
as lágrimas que não caem no chão.
Vã é a vida
nascida
de uma ilusão.
Longo e forte
é o sentimento
do ódio
e o que me reconforta
é engolir meu ópio,
é vomitar espumas
que palavras sórdidas
me fizeram pobre
no leito da paixão.
Macio é o algodão
no branco
do lençol que me cobre
e vadias são essas mãos
cruzadas sobre o peito
em vão.
Sou livre sem o jugo dos hipócritas.
Meus ouvidos agradecem o algodão.
É cansativa a obrigação
de ter que ter educação.
Custa-se muito chegar a alguma conclusão.
A palavra mais bela?
O Adeus.
Sem ele não haveria o suspiro dos ventos
nem o balançar de lenços
na Estação.
Ai... como tenho medo que reabram meu caixão.
* em Conhaque com Mel