Circunavegante
Criança fugindo da própria sorte
com medo da morte,
com medo de voltar.
Retém no espelho dos olhos
os pirilampos, siriris amarelos
o castigo, o redemoinho,
as imagens que giram no furacão.
Giram, giram, derrubam casas,
pousa no futuro o homem trêmulo
sem lembranças e se abanca
nos sonhos da moça
E com ela traça planos
andando com os pés na lua
no ritmo de quem flutua
a tropeçar nos soluços
a embebedar-se de vinho
a seguir sozinho.
Tateando a vaga dos aflitos
que antes no tempo infinito
caíram na mesma desgraça
dando de graça a vida bela
soerguida às duras penas
caindo pelas tabelas.
Nos passos trôpegos sem sossego
vai estrebuchando a carcaça
num tormento de pedras,
seguidas pedras atiradas de Marte,
de Vênus, talvez de um enfarte
que encerre um adeus.