Circunavegante

Criança fugindo da própria sorte

com medo da morte,

com medo de voltar.

Retém no espelho dos olhos

os pirilampos, siriris amarelos

o castigo, o redemoinho,

as imagens que giram no furacão.

Giram, giram, derrubam casas,

pousa no futuro o homem trêmulo

sem lembranças e se abanca

nos sonhos da moça

E com ela traça planos

andando com os pés na lua

no ritmo de quem flutua

a tropeçar nos soluços

a embebedar-se de vinho

a seguir sozinho.

Tateando a vaga dos aflitos

que antes no tempo infinito

caíram na mesma desgraça

dando de graça a vida bela

soerguida às duras penas

caindo pelas tabelas.

Nos passos trôpegos sem sossego

vai estrebuchando a carcaça

num tormento de pedras,

seguidas pedras atiradas de Marte,

de Vênus, talvez de um enfarte

que encerre um adeus.

Rossan
Enviado por Rossan em 22/11/2010
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T2631082