Granada

Havia uma cor nos olhos da noite

uma coisa de bicho, um granada acendido

um rumor no olhar, um brilho de artifício

pedra de lapidação...

era além de braços e bocas

eram palavras nas pontas dos dedos

um percorrer nas cordas do desejo

era música pautada nas linhas da mão

que se ouvia no silêncio que atravessava as paredes

passagens secretas, esconderijos, cavernas

minas da solidão...

havia bem mais que ilusão

era além dos espelhos do quarto

dos cacos, dos chakras, lanternas

das marcas, das febres, das vestes no chão

das teias encobrindo o retrato

era sangue nas veias

pulsação...