Malva

Malva...

De ti nasci triste como um Deus sem misericórdia

Escarpando a carne ao cair de teu ventre de mãe infanticida

Nas pedras de soluços errantes.

Fora à primeira vez que compreendi a dor

E sua extensão para os que são em solidão.

No desprezo onde dormia o sândalo na queda

Há uma mancha de sangue; - Há vida ainda, Malva!

Estende teu regaço frívolo que ainda há como enforcar

O que resta do teu pródigo menino.

Malva, dói demais à alma sem luz, Malva...

Quiete o sono com teu espasmo escuro de sombra sem corpo

Que quero me deitar na paz da memória onde domino o que me é bom

Quero pintar sobre as estrelas um sonho de Portinari

E dar a todos a arte que o sofrimento gritou na terra;

- Subir, subir, subir, subir, subir bem além do infinito

E matar-me no pulso com um corte de lua minguante

Regressando a miríades de mim em lágrimas de castanho-atômico

Devastando os que vivem!

Seremos só tu e eu Malva. Tu e eu na paisagem em forma de câncer;

- Tu e eu... A única que me renega por ser gêmea de mim

Malva...

Gabriel Alcaia
Enviado por Gabriel Alcaia em 21/11/2010
Reeditado em 22/11/2010
Código do texto: T2627710
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