Rabiscos de mim mesmo
Eu sou esse ar seco que transpira quando vêm o vento.
Eu sou essa poeira vermelha jogada na rua de minha estrada solitária.
Eu sou esse vento que vem feito brisa, só para depois se transformar numa tempestade.
Eu sou as migalhas do pão velho atirado aos pássaros.
Eu sou o grão de areia levado pelo oceano.
Sou a folha de caderno branca amassada e atirada no lixo.
Sou a letra de música nunca escrita.
Sou o grito preso na garganta daqueles que não podem e nem conseguem gritar.
Sou a tristeza do moço de coração despedaçado.
Sou a ferida na alma da mulher abandonada.
Sou os restos de sonhos jogados em sujas calçadas na forma de gente trajando trapos.
Eu?
Eu sou a semente que não vingou.
Sou a lágrima jamais chorada e sou tudo aquilo que jamais queria ser, mas que de outro jeito não consigo ser.