TODA POESIA DE SER POETA
Pô cara, você não aparece,
nem para dar um alô.
Que saudades velhinho.
Podia fazer um gracejo
e dar o ar de sua graça,
ao menos descer em alguém,
naqueles espiritualistas
que tapam os olhos e escrevem.
Faz como o velho Portinari
e suas imagens fantásticas,
azuis, amarelas e vermelhas de
Brodósqui, suas crianças brincando.
Vem brincar um pouco, Carlos,
manda uma cronicazinha,
uma lua com conhaque,
um José, uma Quadrilha, vem
nos deixar gauche também,
que por aqui anda tudo
certinho demais, tudo direitinho
para estrangeiro ver.
Uma linha, dois versos.
Aproveita seduz o Vinícius,
que de poetinha nada tinha.
Vê se convence também a danada
da Cecília,
o enfant terrible Wally,
o beijoqueiro escarrado Augusto,
a alma mais alfabetizada Patativa
e o diplomata das letras Melo Neto.
Para que eu possa conhecê-los,
ter o prazer e a satisfação que
nunca tive.
Para que me abram os olhos
e me revelem toda a poesia
de ser poeta.