TODA POESIA DE SER POETA

Pô cara, você não aparece,

nem para dar um alô.

Que saudades velhinho.

Podia fazer um gracejo

e dar o ar de sua graça,

ao menos descer em alguém,

naqueles espiritualistas

que tapam os olhos e escrevem.

Faz como o velho Portinari

e suas imagens fantásticas,

azuis, amarelas e vermelhas de

Brodósqui, suas crianças brincando.

Vem brincar um pouco, Carlos,

manda uma cronicazinha,

uma lua com conhaque,

um José, uma Quadrilha, vem

nos deixar gauche também,

que por aqui anda tudo

certinho demais, tudo direitinho

para estrangeiro ver.

Uma linha, dois versos.

Aproveita seduz o Vinícius,

que de poetinha nada tinha.

Vê se convence também a danada

da Cecília,

o enfant terrible Wally,

o beijoqueiro escarrado Augusto,

a alma mais alfabetizada Patativa

e o diplomata das letras Melo Neto.

Para que eu possa conhecê-los,

ter o prazer e a satisfação que

nunca tive.

Para que me abram os olhos

e me revelem toda a poesia

de ser poeta.

Uarlen Becker
Enviado por Uarlen Becker em 20/11/2010
Código do texto: T2625825
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