VINHEDOS

Manhãs, manhãs.

Raios escondem no arrebol

o sonolento dia

e brincos de orvalho ajoelham-se

no limbo das folhas.

Cachos de rútilos bagos

outros, vestidos de noite

enfeitam ondulados dorsos

garupas e flancos

de meu Pampa.

Parceiros na tava pampiana

descendência altiva

da imigrância

pés desnudos e calejadas mãos

bordam o tapete

pontilhado de bagos

escuros de noite.

Prenhes barricas

carregadas de suor e vinho

guardam o gosto da terra

quando o dia, faz muito

já foi dormir.

– Do livro FORÇA CENTRÍFUGA. Porto Alegre: Livr. e Editora P. Alegre, 2ª ed., 1979, p. 42:3. Texto revisado.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2624375

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