SEGUNDO DIÁLOGO ENTRE A VIDA E O TEMPO

T.: Por que passas, és transida, sempre na mesma lida?

v.: porque amo, canto, sonho, mas padeço em ti medonho.

t.: Mas e quem ama padece?

v.: Só no desenrolar do teu corpo, me parece.

t.: E quem canta não é feliz?

v.: Antes era, é a voz rouca que te diz.

t.: Não é nos sonhos que tua faina se desfaz?

v.: Fora dantes, tempo voraz!

t.: Que dizes que não te escuto? Talvez lamente?

v.: Não por ti, distância intermitente.

v.: E tu? Que fazes que escorres de meus dedos?

t.: Cumpro minha sina, acabando com teus domínios e vencendo sobre os medos.