RETINAS
O que sei de mim
quando os olhos pousam
no horizonte,
semicerrados?
Angústica que escarva,
invade o sangue,
trêmulas mãos:
o coração, o medo
ficam retidos na sensação
de ser
ou de ter sido.
Se cauto choro
a emoção e o mistério,
é porque reticente e invadido
constato a ausência.
E o poeta,
dentro de mim,
relembra imagens,
pássaros imóveis
na móvel retina.
– Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992, p. 31.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2623307