Ave alheada
Pássaro alvo de enegrecidas penas
Que busca do alto paisagens amenas.
Por horas te apraz dessa dor que nos cerca,
Noutras contrito como se recém descoberta.
Alças teu voo na imensidão de um segundo,
Com teu olhar abarca todas as dores do mundo.
Admiras a barbaria como se fosse coisa banal,
Pois crê, não vêm de ti mas do teu ancestral.
Saibas, porém, que tu és também o culpado,
Pois da penúria do mundo provém o teu fado.
Então desces abatido do teu comunal pedestal,
E vem beber ao meu lado dessa torrente do mal.
Brasil, DF, 18 de novembro de 2010.