Cartas


Senhora, perdoais a ousadia, é por aflição
Se vos peço tanto, releva, é por reverência
À castidade de vosso corpo, tende clemência
Que só possesso, tocar-vos-ia, com minha mão

Abstendes-me, por punição, de vos ver sorrindo
Recusais, pela eternidade, que vos vele o sono
Que não vos pedi permissão, mas vos espiono
E estareis plena de direitos, em me corrigindo

Pois que confesso, iludi-vos, minha promessa
Quando jurei guardar-vos, toda eternidade
Queria-vos completamente dedicada à minha devassidão

Lancinante vosso olhar virtuoso n’alma atravessa
Ébrio do amor puro, que carregai, de bondade
Que em nunca, outra coisa vos devo, senhora, afora devoção.