Ondas

Poderia dizer que são ondas

esse movimento de tuas nádegas

quando, no torno, em fúria

todo o teu gozo exalas

Ondas que abrem-se em alas

de uma maré mais felina:

de uma maré caudalosa

como são as nordestinas.

Por isso, ao olhar-te, diria

que de tua ondas tudo extasia:

o próprio balançar de onda

nas areias e salinas;

a própria sede de mar

que ao homem enfeitiça,

sede e gume da fome

ta qual é a maresia.

Mas em ti essa onda

ou desmente ou é estendida

porque só no teu balanço

o homem encontra vida

Porque mesmo sendo

um afogar de asfixia

o suspiro de tuas ondas

lambra-nos ainda vida.