quem sabe outra mulher

depois de tudo passado

depois de tanto

mal virei as costas

mal sequei meu pranto

as feridas expostas

nem cicatrizaram em mim

nem cheguei a desfazer as malas

abrir as janelas

olhar o jardim

as flores

a rua

e a porra dessa saudade

reaparece do nada

e já se insinua

e como se fosse a dona

como se a casa fosse sua

se espalha por todos os cantos

deixa a casa vazia

ainda mais fria

e eu com medo

covarde

me escondo

dentro do meu sossego

embaixo das minhas cobertas

dos meus escombros

entre as rimas

dos meus versos

omisso

esperto

mantenho meu quarto trancado

a luz apagada

meus olhos fechados

meu peito deserto

sou incapaz de mudar tudo isso

mas eu sei que um dia eu aprendo

que um dia a vida me ensina

mas não agora

não por enquanto

ainda não tenho forças

ainda não tenho peito

ainda não é o momento

mas vai chegar uma hora

num dia qualquer

que eu vou ser invadido

por um outro sentimento

abraçado por outros braços

beijado por outros beijos

quem sabe outra mulher

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 18/11/2010
Reeditado em 18/11/2010
Código do texto: T2622513