O CANTO DA CHIBATA
Vi costas negras e nuas, riscadas, abertas, marcadas,
O chicote que brandia nas costas negras, escravas,
Dançava a dança da morte, traçando o risco da dor
Nas costas negras da escrava...
E vi o riso cruel, voraz, insano, terrível, do látego, do senhor,
Quanto mais dançava o chicote, gritos horrendos, furor,
Mais o brandia o feitor, impondo àquela mulher, a tortura e a dor,
E o sangue dela descia, descia e avançava,
Sem encontrar resistência
Nas costas negras da escrava...
Em vão se fez oração,
Em vão joelhos dobraram,
E naquela noite tão fria, tão fria e tão tenebrosa,
Ouviu-se de canto longínquo, a coruja e seu piar,
E o feitor ia-lhe imprimindo, a tortura e a dor,
E o sangue negro descia, descia e avançava,
Sem encontrar resistência,
Nas costas da jovem escrava...
E as insanidades de outrens tanto riam e gargalhavam,
Que tais sons eram ouvidos, bem distantes donde estavam,
E o vento os trazia de volta,
E dentro do tempo ecoavam,
E as insanidades de tantos,
Que tanto riam e gargalhavam;
Eram risos, eram troças,
Era gente delirante,
Em ver a escrava arfante,
A face banhada em lágrimas,
E o sangue negro a descer-lhe,
Sem encontrar resistências,
Nas costas negras, lapadas,
Espalhando-se nas espáduas,
Da mulher jovem, da escrava...
Vão-lhe as forças derradeiras,
Dessa forma o corpo exangue,
No pelourinho, arreia-se.
Nele não há mais vida!
Insurrecta, a jovem mulher,
Clamou para os seus liberdade,
Calaram-lhe o seu clamor,
No canto do lenho, da chibata,
A força que arrasa e marca,
A força que impõe e mata,
A força que só se curva,
Diante da força maior.
Revoltados e Estupefatos,
Por humanidade pequena,
Companheiros de batalha,
Redobraram a vigilância,
De cada lado da luta,
No correr de toda a cena,
Disputando as disputas,
De todo lado da arena.
É que as costas negras marcadas,
É que o sangue negro derramado,
No canto do lenho, profundo,
Na dança da chibata, intensa,
E o sangue nela jorrado,
Empapando esta terra,
Não foram em vão derramados ,
Semearam a semente,
Em um povo, liberdade,
Em um povo, amplidão,
Em um povo, identidade,
Em um povo, consciência,
Em um povo, majestade,
Em um povo, resistência!
Vi costas negras e nuas, riscadas, abertas, marcadas,
O chicote que brandia nas costas negras, escravas,
Dançava a dança da morte, traçando o risco da dor
Nas costas negras da escrava...
E vi o riso cruel, voraz, insano, terrível, do látego, do senhor,
Quanto mais dançava o chicote, gritos horrendos, furor,
Mais o brandia o feitor, impondo àquela mulher, a tortura e a dor,
E o sangue dela descia, descia e avançava,
Sem encontrar resistência
Nas costas negras da escrava...
Em vão se fez oração,
Em vão joelhos dobraram,
E naquela noite tão fria, tão fria e tão tenebrosa,
Ouviu-se de canto longínquo, a coruja e seu piar,
E o feitor ia-lhe imprimindo, a tortura e a dor,
E o sangue negro descia, descia e avançava,
Sem encontrar resistência,
Nas costas da jovem escrava...
E as insanidades de outrens tanto riam e gargalhavam,
Que tais sons eram ouvidos, bem distantes donde estavam,
E o vento os trazia de volta,
E dentro do tempo ecoavam,
E as insanidades de tantos,
Que tanto riam e gargalhavam;
Eram risos, eram troças,
Era gente delirante,
Em ver a escrava arfante,
A face banhada em lágrimas,
E o sangue negro a descer-lhe,
Sem encontrar resistências,
Nas costas negras, lapadas,
Espalhando-se nas espáduas,
Da mulher jovem, da escrava...
Vão-lhe as forças derradeiras,
Dessa forma o corpo exangue,
No pelourinho, arreia-se.
Nele não há mais vida!
Insurrecta, a jovem mulher,
Clamou para os seus liberdade,
Calaram-lhe o seu clamor,
No canto do lenho, da chibata,
A força que arrasa e marca,
A força que impõe e mata,
A força que só se curva,
Diante da força maior.
Revoltados e Estupefatos,
Por humanidade pequena,
Companheiros de batalha,
Redobraram a vigilância,
De cada lado da luta,
No correr de toda a cena,
Disputando as disputas,
De todo lado da arena.
É que as costas negras marcadas,
É que o sangue negro derramado,
No canto do lenho, profundo,
Na dança da chibata, intensa,
E o sangue nela jorrado,
Empapando esta terra,
Não foram em vão derramados ,
Semearam a semente,
Em um povo, liberdade,
Em um povo, amplidão,
Em um povo, identidade,
Em um povo, consciência,
Em um povo, majestade,
Em um povo, resistência!