Homem no leme
Queria ler as estrelas deitado numa nuvem cinza
encontrar o caminho no som de tambores, projecção
visionária mesmo
tocando os irreais de sonhos carregados
de esperanças
saturadas de oxigénio por respirar,
admirava as pedras imaginando associações diabólicas
escurecendo o entardecer
agrupadas desordenadamente em vaticínios obscuros,
inimagináveis,
talvez um perigo, percalço sem susto
no som desconhecido de harmónica suave,
tantos sinais, sinas incompreensíveis preparadas
sem tradução como conchas empurradas
num repente
pelo mar furioso, em palavras mudas,
desconexas apenas.
Um dia voltarei navegando à eterna cidade de Rómulo e Remo
lançar preciosa moeda de diamante
na fontana di trevi,
aguardando a luz para o caminho
na única visão da orquídea negra invenção do sonho
esquecido em noites frias de constante
acordar baloiçando.
Saturno em mercúrio
todas as qualidades para êxitos efémeros
num bom período,
isso servia,
para não escrever mais nas ondas do oceano,
seguir o farol nesta maré violenta.