COMO TRANSFORMAR UM ARTIGO NUM POEMA
Olhos que captam telas várias
Aprendem de si o que sabem agora?
O que sabem agora e aprenderam um dia?
Como poderão aprender por si sós
O que dantes não sabiam e ora sabem?
Autodidata - que consigo mesmo aprende
Didata de si mesmo, em si mesmo, dentro de si...
Sabedoria intuitiva leva dentro de si
Que aprende o que é como se de alguém houvesse captado?
Vozes divinas guiam-lhe a mente
E lhe dizem que isso é assim?
Porquanto, ainda que conforme fosse,
Ainda assim, não lhe caberia o título
de autodidata.
Porque o que aprende algo,
Mesmo que indiretamente,
De alguém o aprende.
Nenhuma matéria se exclui desse pensamento.
Tudo que se aprende, de outro se aprende.
De modo que transforma-se o homem
No único instrumento rudimentar
De aprendizagem.
Porque os livros não se escrevem sozinhos
E o que se lê antes precisou ser pensado,
Inventado.
O que se vê é desenhado, criado ou projetado
e, finalmente, organizado;
O que se ouve, pensado e falado.
Ora, prendizagem é
Uma troca que, inicialmente,
Necessita uma força motriz
À que se denomina homem.
E, a final, também é mister que haja
Outro homem, para que o processo
Não se perca no caminho.
E todo o esforço em transmitir algo
Não seja embalde.
Haveria, algum dia, porventura,
Alguém que pudesse aprender,
Sem auxílio de outrem,
Qualquer coisa fundamental
Que se possa transmitir
De um para outro?
Poderia existir alguém que aprendesse
A ler, sem auxílio algum de mãos humanas?
Nunca!
Porquanto o que se aprende agora,
Sem auxílio de mestre presente,
Foi antanho elaborado
Algures, por outro que já o sabia
E aprendeu - direta ou indiretamente -
De alguém que o sabia,
Que aprendeu de outro que já o sabia...
E esta corrente só termina
Onde começa,
A saber, onde alguém, algures,
Pensou primeiro a ideia.
Se formos pensar que autodidata
É o que aprende com livros e só
(com livros ou qualquer material
Elaborado por mãos humanas),
Então, todos nós, os que sabemos ler
(e os que vemos e ouvimos),
Somos autodidatas.