TEAR
ENTRE MINHAS MÃOS
DELINEA-SE TEU TECIDO.
FIOS EMARANHADOS
TRANÇAM-SE ENTRE MEUS DEDOS
TREMULOS E INSEGUROS.
PELOS, PELES E CABELOS
EM UM ÚNICO NOVELO
DESFIAM-SE, À LUZ, NO ESCURO.
TECE-SE UMA ESTAMPA
EM UM VÉU FINO E BRILHANTE,
TECE-SE, FIO A FIO,
NUM DESENHO DESCONSERTANTE.
MÃOS E DEDOS,
CADA MÚSCULO MEU
RIJO E TREMULO.
ESSE TECIDO COLADO AO MEU,
MEU PEITO EM APERTO,
SEM SOSSEGO NEM ALENTO,
DESFIA-SE FEITO MALHA,
RASGA-SE AO TEMPO.
DESMANCHA-SE SEM SENTIDO
FEITO PÉTALAS AO VENTO.
MEU TEAR PRECISA DE TEU TECIDO.