Tradução de mim
Traduza-me.
Leia-me nas entrelinhas do que sou.
Interprete a grafia do meu corpo que ao seu corpo se entregou.
Aplaca o fogo constante que trago em mim
ao sentir o seu cheiro aproximando-se assim.
E aproxima-se mais.
Busca meu significado no dicionário do prazer,
nutrindo em mim o desejo voraz que faz meu corpo estremecer.
Toma conta dos meus espaços, que já fora de ritmo, soam descompassados,
expressão de linguagem, de línguas vorazes que agem e interagem
no silencio surdo do prazer que cresce em mim querendo me enlouquecer.
Já fora da razão, estando inteira em suas mãos,
faço uso da lição e coloco-me como sua serva, aumentando-lhe o tesão.
Mostro-lhe meus pontos tocando-os suavemente
com as pontas dos meus dedos,
e nessa ardência que me consome, sublinho, rabisco e risco,
registrando em mim mesma a chegada do gozo que a você dedico.
Na fúria desenfreada, como fêmea indomada,
atiro-me em sua mata
farejando-lhe inteiro num só movimento,
que ereto e libidinoso,
orienta-me na esfera geográfica desse encantamento
matando minha sede com o suco de sua vertente.
Vulcão em erupção,
somos sinônimos dessa explosão.
Como lavas flamejantes, que correm desorientadas,
nossos corpos acoitados, movem-se ritmados
na dança alucinada da acasalação.
E nessa matemática, onde um mais um resulta em um inteiro,
continuamos no mesmo empenho,
singularizamos nossos anseios,
satisfazemos os nossos desejos,
e entregamo-nos a um novo recomeçar
conjugando afoitos o verbo amar.