POEMA EM MOVIMENTO
( Dedico este poema ao colega Ruy Silva Barbosa que, carinhosamente, me chama de POETA DA MADRUGADA)
Eu não queria ser esta poeta assim
Este arremedo de mim
Esta mulher conversando com sua sombra
Falando com as avenidas das veias
Cochichando com o coração
Que de saudade incendeia
Eu não queria ser essa poeta bulímica
E ter um corpo por dentro
Uma massa informe e anímica
Eu não queria ser esta poeta que chove
Pelas calçadas quebradas
Eu não queria ter estas mãos pendidas
Este peito soluçante
Nem queria o sussurro amante
Eu só queria escrever um poema
Que saísse andando e andando
E nunca mais retornasse