NO RIO DA SOLIDÃO

Naveguei pelas águas verdes de um rio infinito

Como se estivesse buscando nas árvores uma certa paz

Que a solidão não me permite desfrutar.

Meu barco tosco parecia comigo.

Éramos eu, o barco, o rio e nada mais,

Navegando sem ter onde chegar.

A mata ciliar amenizava o calor,

O céu dourado castigava a mente.

Mas, a determinação em continuar me consumia...

Eu navegava, sonhava e não lhe via!

Deslizava com meu barco sutilmente,

Associando o barulho das águas ao desamor.

O amor até existe, eu sei!

Mas deve estar imerso sob essas águas,

Escondido entre as curvas desse rio.

O amor deve estar num trecho onde eu não passei

Ou, onde não pudesse vê-lo, por causa das lágrimas

Que caíam dos meus olhos em tom de desafio.

O rio acabou se transformando num labirinto

E, por mais que eu navegasse, não saía do lugar.

Estava em você; eu, em você, no rio da solidão...

E você estava dentro do meu coração,

Torturando-me por não me amar.

Ainda assim, navego, solitário e sorrindo!