RETRATO DO MEU DESAMOR

Falar de sua vida

Seria vilipêndio declarado.

Então, vou falar da minha

Que, há muito, vem dando trabalho.

Não acerto o que desejo

E, quando alcanço, no auge, me perco.

O que eu era eu não sou mais.

Era esperançoso e decidido,

Talvez, bastante convencido.

Porém, meu valor deixei para trás,

Junto aos amigos que partiram

E, lá no céu, se uniram.

Não sinto meu valor.

Sinto orgulho de ser corinthiano,

Sou mais brasileiro a cada ano

Mas, por mim, não tenho amor

E, dessa dor, sou escravo,

Procurando-me onde não me acho!

E essa escravidão e essa dor

São minhas inseparáveis companheiras.

Por mais pessoas que eu tenha ao meu dispor,

Minha loucura solitária será verdadeira.

Eu fico procurando ajuda

Mas, não há santo que me acuda!

Vem, de repente, um anjo

E tenta me ajudar...

Como o orgulho eu esbanjo,

Não o deixo ficar!

Acho que ele explicaria o sentimento

Que me faz permanecer no isolamento.

Para explicar o que eu sinto,

Eu teria que me submeter

À psicologia fracassada do viver

E revelar por que finjo

Dizendo ser alegre e sorridente

Quando, na verdade, a felicidade está ausente!

Ninguém parece perceber

Como sofro de vez em quando,

Vendo um belo dia anoitecer

E a solidão se aproximando...

É um sentimento estúpido

Mas, que me mantém lúcido!

Tenho coragem e sei quem eu sou.

Sei que, antigamente, eu era mais inocente,

Mais esperto, talvez, mais envolvente,

Mais louco pelo conhecimento do amor!

Nessa busca, fiz muitas conquistas...

Outros, no entanto, não foram tão otimistas!

Conquistava as meninas,

Tinha fama (era bom nisso!),

Com o tempo surgiu o vazio

E a certeza de que não vale a pena, me domina!

Por isso, dessa vida, tento fugir,

Mas, meu egoísmo não me deixa partir.

Agora estou sozinho

Talvez, por minha opção,

Talvez, por condenação

Ou por obra do destino.

No fundo, eu queria saber amar.

É pena, eu só aprendi a chorar...

Às vezes as coisas são difíceis.

Eu vejo o amor acontecendo

Em vários lugares, diversos níveis.

De vez em quando até tento

Mas o amor, eu não sinto

E, quando digo sentir minto!

Não penso em me vingar.

É o meu destino, eu sei!

Contudo, o sorriso que anteontem não dei,

Ontem não pude controlar...

Era como se eu pudesse sentir,

O amor, ao me ver chorar, sorrir.

O meu sorriso era sincero,

Apesar dos conflitos com a consciência,

Das guerras existenciais que me tornam sério

E das lutas que tiraram minha inocência.

O meu sorriso era verdadeiro,

Por toda vida, o tempo inteiro!

Não quero mais brigar

Por um sorriso sem rancor!

Só brigo, agora, para conhecer o amor.

Dizem que ele faz o coração dilacerar,

Dizem que, o mais interessante que existe,

É que o amor também é triste!

Não esconda a tristeza de mim.

Quero ser triste por amar sem ser correspondido,

Por amar e ser traído,

Por amar e ver o amor chegar ao fim!

Mas, deixe-me descobrir o que é amar

Senão, morrerei sem experimentar!