Pranto

A alma chora.

Derrama suas lágrimas

que correm o vazio desenhando a dor,

formando canal castrador

onde os sonhos se derramam,

desmancham-se em imagens deformadas

num rio de águas paradas, estagnadas,

sem amor...

Sem compaixão...

Sem esperanças...

Sem nada.

A alma chora.

E chorando perde-se em desencantos

restando-lhe apenas seu canto sacrossanto.

Entrega-se assim à súplica desesperada,

último artifício para o fim da jornada,

sepulcro da vida tirando-lhe o brilho,

atribuindo-lhe a palidez da geada

em sua face mórbida, desalinhada

Perde-se a luz...

Perde-se a esperança...

Perde-se a vida...

Semente morta na dor da partida

da alma que hoje só tem a lembrança

da alegria um dia sentida.

Aisha
Enviado por Aisha em 20/06/2005
Código do texto: T26132