Pranto
A alma chora.
Derrama suas lágrimas
que correm o vazio desenhando a dor,
formando canal castrador
onde os sonhos se derramam,
desmancham-se em imagens deformadas
num rio de águas paradas, estagnadas,
sem amor...
Sem compaixão...
Sem esperanças...
Sem nada.
A alma chora.
E chorando perde-se em desencantos
restando-lhe apenas seu canto sacrossanto.
Entrega-se assim à súplica desesperada,
último artifício para o fim da jornada,
sepulcro da vida tirando-lhe o brilho,
atribuindo-lhe a palidez da geada
em sua face mórbida, desalinhada
Perde-se a luz...
Perde-se a esperança...
Perde-se a vida...
Semente morta na dor da partida
da alma que hoje só tem a lembrança
da alegria um dia sentida.