Papel

Em papel simples te desenho,

linhas retas, branco e preto,

contornos sutis, delineando desejo,

no corpo nu, um anseio,

frenesi, te vejo.

Do papel o desenho,

toma forma, faz-se inteiro,

traz o fogo abrasador

aquecendo seu autor.

Criador e criatura,

envolvidos em volúpias

aproximam-se sorrateiros,

unindo os corpos, tocando os meios,

descobrindo seus segredos

puro êxtase, aconchego.

E na fúria muito louca,

na busca dos corpos

o encontro das bocas,

sussurrando, vozes roucas

em gemidos inefáveis,

que pra prazeres incontáveis

uma vida seria pouca.

E o desenho no papel

ganha cor, forma e textura.

Observando-o atentamente,

torna-se claro, evidente

a mudança da figura,

que juntando suas retas

às novas linhas curvas,

desenha o amor

em geometria augusta.

Aisha
Enviado por Aisha em 20/06/2005
Código do texto: T26129