Papel
Em papel simples te desenho,
linhas retas, branco e preto,
contornos sutis, delineando desejo,
no corpo nu, um anseio,
frenesi, te vejo.
Do papel o desenho,
toma forma, faz-se inteiro,
traz o fogo abrasador
aquecendo seu autor.
Criador e criatura,
envolvidos em volúpias
aproximam-se sorrateiros,
unindo os corpos, tocando os meios,
descobrindo seus segredos
puro êxtase, aconchego.
E na fúria muito louca,
na busca dos corpos
o encontro das bocas,
sussurrando, vozes roucas
em gemidos inefáveis,
que pra prazeres incontáveis
uma vida seria pouca.
E o desenho no papel
ganha cor, forma e textura.
Observando-o atentamente,
torna-se claro, evidente
a mudança da figura,
que juntando suas retas
às novas linhas curvas,
desenha o amor
em geometria augusta.