TERNAS IDADES
Um dia
vi no espelho o primeiro cabelo branco.
Nasceu sem que eu plantasse,
plantou-se sem estardalhaço
deixando-me assim por entre
as folhas de outono
qual criança sem brinquedo,
adolescente sem sonho.
Um dia
veio também a primeira ruga,
sem fuga sobrevivi ao susto da solidão.
Qual ermitão sem templo
lembrei do amor imenso em contemplação.
Um dia
a noite será despedida
e a eternidade será o sopro dos escolhidos;
Um dia os escolhidos
No outro os escondidos
Nós outros desiludidos seremos:
Com cabelos brancos
Com riso ou com pranto
E nosso rosto será afago de Deus
Para nossas ternas idades.