RETALHOS
No recôndito da alma arde a saudade abusada
querendo possuir o que nunca tivera
Fez-se pranto o meu canto,
nos teus ais de prateada quimera
Reconstruí o mundo em pétalas de espera
Nada tive, nem ao menos uma palavra sincera
E de tudo desfaleci perante as eras
na ilusão d'um amanhã que a nós segreda
nos tecidos invisíveis de avulsas frestas
Guardando retalhos do que um dia fui
de tudo que poderia ser, e que hoje se dilui
Tanto e nada se perderam no rumo desta ingrata estrada
nas tristezas contidas de mais uma cilada
Não, não te culpo, tampouco culpas eu carrego
Não foi, não era, jamais seria!
Fomos apenas amantes de muitas fantasias
que por descuido furtaram-nos o tempo, a falsa alegria
de acreditar que possível seria...
Amar em recortes, em linhas de mera alfaiataria.
Refletindo ao som de : Comptine d'un autre été: L'apr - Yann Tiersen