CANÇÃO DAS HORAS E DO VENTO

Latitude do amor

que se esvai por entre

os dedos

água pura

da fonte

criando limo nas pedras

(vai-se a ilusão

em grandes bolas de fumo

enquanto o cigarro

me consome)

Na rua morta

fala

a paradez da prostituta

que vende

bocejos de tédio.

E pálidas palmeiras

dão à rua

a vida dos ponteiros

que constroem luas

no relógio do quarto.

– Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992, p. 32.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2611227