Bicho do mato
Sou rei sem realeza,
objeto não identificado.
Condenado a assistir novelas,
comícios, procissões, passeatas
e palestras intermináveis.
Sinto-me uma letra
pichada sobre o muro,
ônibus sem itinerário
numa estrada sem chão.
Tenho medo de barulho,
silêncio, transeuntes,
cachorros, marginais.
Estou escondido
em algum poema assustado.
Thiago Cardoso Sepriano