Bicho do mato

Sou rei sem realeza,

objeto não identificado.

Condenado a assistir novelas,

comícios, procissões, passeatas

e palestras intermináveis.

Sinto-me uma letra

pichada sobre o muro,

ônibus sem itinerário

numa estrada sem chão.

Tenho medo de barulho,

silêncio, transeuntes,

cachorros, marginais.

Estou escondido

em algum poema assustado.

Thiago Cardoso Sepriano

ThiagoCardosoSepriano
Enviado por ThiagoCardosoSepriano em 12/11/2010
Código do texto: T2610574
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