EXÍLIO DE MIM

 

Encantada por sentimentos outros
vim para o exílio que criei, que inventei.
Minhas sombras vagueiam pelo espaço etéreo
em que, tortuosa e cansada, espero.

 
Espero que chegue o dia
que a porta se abra, pois
a chave está escondida
em meu coração,
mas eu não a encontro.

 
Ajuda? Preciso, claro!
Mas sei que estou sozinha.
Nesse meu caminho, estou só. 

 

Busco o prazer no mais escuro labirinto
de minha cabeça confusa.
Meu país, berço varonil, distanciou-se.
Sê feliz, digo a mim mesma.


Deixo que as inconsistências e as
desesperanças me cheguem.
Mas eu... preciso de ajuda!

 
Quero ajuda,
mas sei que estou sozinha.
Tão sozinha, tão sozinha
que tenho medo do espelho.

 
Tenho medo do exílio que me impus
e me trouxe ao encontro consistente
da verdadeira face da mudança.

 

 Não há medos nem máscaras,
mas solidão para pensar.
Não quero saber o que acontecerá
porque o tempo urge. Preciso correr!

 
Exilada em terras que eu mesma escolhi,
já me vou. Sim, vou-me já
Aqui, nada é meu;
Não é aqui o meu lugar.

 
Pasárgada(1), talvez eu vá te encontrar.
Quem sabe, olhar o túmulo de Ciro
e me inspirar em sua condição
de "Rei do Mundo", permitindo-o libertar
os Judeus cativos, enviando-os para Palestina.

 
Palestina dividida por Gaza que empunha armas,
faz explodir tudo e todos. Ah! Não quero mais!

 
Ai de mim que não posso ficar por aqui
Meu exílio está extinguindo-se fora de mim.
Terras que ousei encontrar, mas
levam-me para lá... para lá do além-mar.

 

Meg Klopper 

 

(1)Pasárgada – Empregada pelo poeta Manoel Bandeira como lugar mítico da felicidade.

 

 

MEG KLOPPER