CABOCLA DO RIO
Havia uma estrada na roça.
A roça sempre esteve lá, mas eu não.
A estrada que vi na roça era uma estrada de roça.
Deve levar a algum lugar.
À mandioca, ao milho, ao feijão.
E a verdura que cresce do chão; e no inverno saudamos a São João.
O apóstolo Pedro não se vexa, pois logo sua missa é rezada.
Povo na praça, crianças em roupas de gala, tem até primeira comunhão!
Havia uma morena na roça.
A estrada a encantou.
E a morena me cegou.
Foi como fitar a lâmina do Sol zangado.
Apaixonei-me, fui um coração atordoado.
A cabocla era da beira do rio.
Tinha cheiro de mato.
Seu hálito era de jardim bem cuidado.
Sua silhueta juvenil me dava febre, e de olhá-la calafrio.
Tomei a estrada da roça.
Passei por muitos pastos.
E não sei por que não me lembro mais o caminho de volta...